15 de março de 2007

sumário de Lingua e Cultura Portuguesa 2005/06

Aula 1 01-03-06

Leitura obrigatória:
Þ Maria Moisés – Camilo
Þ Primo Basílio – Eça de Queirós
Þ Poesia de Cesário Verde e Camilo Pessanha (comparação entre as duas)
Þ Pessoa
Þ No Romance Contemporâneo – José Saramago



Avaliação:
§ 1ª Frequência – 26 de Abril
- Comentário a uma citação 50%
- Análise a um texto dado na aula

§ Trabalho de grupo:
- Exposição oral 50%
- “Relatório” do trabalho

P.I.: ponto de vista pessoal valorizado


Horário de Atendimento:
14H até 15H30


Aula 2 06-03-06

Cultura:

Ø Conjunto de palavras que sabemos utilizar mas não sabemos definir.
Ø É a nossa memória histórica possível, feita em acções e objectos de cultura

A cultura implica sempre memória. A cultura é a forma como interiorizamos história, é a forma de ficticionarmos a nossa história. Cultura é a materialização de nosso conhecimento histórico.


António José Saraiva – “o que é cultura”

Aula 3 07-03-06

A cultura do indivíduo depende da sociedade onde está inserida e esta depende de um grupo maior.

PERSONALIDADE DE UM INDIVIDUO: Cultura de um povo.
Distintivo de um determinado povo.
Relativo, exclusivo de um povo.

Cultura ¹ Natureza

Cultura: algo natural do Homem
Natureza: o Homem só cultiva aquilo que a Natureza nos dá.
Produção humana que depende de certas situações.
Acção do Homem sobre a Natureza.

Várias definições de cultura:
Acção de trabalhar a terra.
Conjunto de costumes, regras, transmitidas socialmente.
Património literário, cientifico, artístico de um determinado povo (cultura geral)
Cultura como modo de conhecimento, características exclusivas do homem (pertença daquilo que é humano).

Cultura e Linguagem:
Manifestação da cultura.
Construtora do mundo, organiza o mundo dentro de um quadro de sentidos. É através da linguagem que se forma a memória.

Cultura e Civilização:
Transmissão de conhecimentos, memória, cultura do individuo, que depende da cultura social, e esta por sua vez da cultura da civilização.
Aquilo que cada civilização dispõe, parte material (ciência).

Cultura e Etnologia:
Maneira como se interpreta os vários hábitos de formas diferentes, de países e sociedades. Actividades e atitudes sociais distintos.


Cultura Geral:
Conhecimento na linha de: Artes;
História;
Geografia

Aula 4 13-03-06

Modernidade / Romantismo

Neoclassicismo Romantismo Realismo




*Vai permitir a
Modernidade

Utópico = sem lugar;

O que é o Romantismo?
É mais que um período literário, abrange várias áreas…

§ Muito do Romantismo constituí-se com base do neoclassicismo e o Realismo
§ O Romantismo vai permitir inaugurar toda a modernidade.
§ Presença do “eu” é simulada pela primeira vez no romantismo e é, este sintoma que dá inicio às marcas da nossa modernidade.
§ Romantismo inaugurou a nossa modernidade – realismo, permite ver a nossa verdade/realidade do mundo

Romantismo = Novas formas de ver o mundo/realidade

® A partir do Romantismo passamos a ter noções contingentes da arte – a arte passou a medir-se com a realidade – a arte é resultado de modos de ver o mundo;

Arte: Actividade sem carácter utilitário, é o que não serve para nada, não tem outra função (mas claro que não serve para tudo)

Þ Realismo/Naturalismo:
Eça e a realidade – Eça mostrou-nos a realidade empírica uma visão da realidade que Eça quer que encaremos como a realidade e não uma visão de realidade
® A Realidade de uma sociedade é vista nas classes sociais mais baixas – “Ao Maias” devia ter como protagonistas as criadas, os serventes…

Aula 5 14-03-06
- Romantismo excede-se como movimento literário e artístico.
“É a vida que imita a arte e não o contrário”
“O passado imita o presente muito mais que o presente imita o passado”

O passado só existe nos olhos de um presente e de quem vive neste presente. Reflexo do presente que vivemos hoje.

O nosso Romantismo é fraco, mas com Eça e Herculano não é um Romantismo vasto mas um Romantismo de sintomas.

® Romantismo (momento) e Romantismos (as formas românticas dos próprios artistas)

Aula 6 15-03-06

Aula 7 20-03-06

“Romantismo” – Aguiar e Silva

1825 – Obra Camões de Garrett
*Marca do 1º romantismo (Muito ligado à situação política da época)

(ultra-romantismo – ridículo, convencional)

1ª Geração Romântica:
® Garrett
® Herculano (“Eurico”)

2ª Geração Romântica:
® Feliciano Castilho (apadrinhar os poetas do ultra-romantismo mas inicialmente era neoclassicismo). Perdeu-se os ideais do Romantismo para dar lugar a uma simples escola.

o Questão Coimbrã

3ª Geração Romântica:
® Antero de Quental (Romântico)

Aula 8 21-Mar-2006

Aula 9 27-Mar-2006


Maria Moisés

Luz/Luminosidade:
Como no cinema – marcam uma ambiência.

Nada do que se passa á significativo (pastor, moleiro, tia, João, …)
Apenas são importantes para criar a ambiência da história.

Encontro mentalidade Romântica/Realista:
§ Maria Moisés e o resultado da luta entre as duas correntes que aqui aparecem oponentes.
§ Auto–ironia, gozo com a própria maneia de fazer literatura
§ Faceta duplamente realista/romântica da novela
§ Conjuga-se o efeito do real numa matriz romântica:
v Não é um realismo de escola;
v Realismo = caso de hábito = representação realista não tem a ver com as características específicas do real mas sim com convenção do que nos habituámos.

Realidade = Hábito convencional

Ex.: Esta é a concepção de realidade de uma casa à qual nos habituamos porém, quantas casa deste tipo vemos ao longo da vida?

Maria Moisés:
Romanesco, romântico camiliano – 1ªparte

Marcas Românticas:
v Final – todos choram dramaticamente
v 2ªparte – (personagem principal: Maria Moisés – o nome não tem nada a ver com o que nos apresentam na 1ªparte, só pelo nome a personagem é emergente das outras personagens;
Maria Moisés: Herói romântico
A 2ªparte é dada como a “despachar”)
v Cai na Chacota – ironia com realismo e naturalismo


® Esta novela é sobre a própria forma de fazer novelas o autor goza mesmo com o leitor: nada faz sentido;
§ Não preocupação nenhuma na II parte – tudo é a despachar, nem as falas das personagens é tomada com cuidado – tudo se desenrola para o final

Mesmo na primeira parte temos ingredientes românticos:
§ Amor contrariado (pela condição social e financeira) – não é um amor idealizado/espiritual mas sim humano, carnal Þ gravidez

§ Prepotência dos pais em relação aos filhos e revolta destes em relação aos pais.

-Pai Queirós e mãe Josefa Þ paralelismo das personagens – prepotência dos pais em querer terminar o relacionamento.


Oposição no entendimento naturalismo e romântico:
§ Confronto de caracteres Þ o meio não condiciona directamente as personagens – não há determinismo.


Apesar das diferenças sociais, as diferenças de agir, falar não são significativas.
ÞEnjeitadinhos (filhos rejeitados à nascença;
ÞPai nega paternidade do filho (quando sabe que este engravidou Josefa)
ÞAbrandamento do Romantismo (ex.: falsa enjeitadinha)
ÞFinal de Maria Moisés – corresponde ao tópico da tragédia clássica “Deo ex maquina” – arranja-se um pretexto qualquer para que a história possa terminar.


Conflito irónico/interior de Camilo Castelo Branco


Este é o principal tema da obra e não os amores e desamores.


Þ Para o leitor não é nenhum segredo porque o narrador desvenda-o logo a partida: o segredo da trama é-lo somente para as perswonagens.
Aproximação realista em Maria Moisés

Implícita critica/crónica de costumes
1ªParte:Josefa mais António Menezes: personagens principais – no entanto conhecemos melhor as personagens secundárias do que estas – pouco ou nada sabemos delas – não dá para traçar um perfil dos portagonistas;
Moleiro, pastor, etc. Þ Qual será a sua importância?
§ Construção, ambiente rural (Minho), do ponto de vista narrativo – processo dominó, chegamos onde o narrador os levou, constituem o nosso percurso até ao fim da novela (que começa com o final) o narrador demora-se mais nestas personagens do que nas principais.

Aula 10 8-Mar-2004

Trabalho prático:
Figuras de Paula Rêgo, transpomos para Maria Moisés (I parte)

Figuras:
1. Mãe, Maria Moisés Þ Josefa grávida, deitada em posição sofredora em que parece adormecida, 2 flores uma tesa outra descaída (pureza decadente?!)
2. Quase como que uma banda desenhada sobre o modo narrativo da 1ª parte Þ confusão de figuras, grandes mas também pequenas, representando em simultâneo.
3. Várias imagens desagregadas que vamos descobrindo.

Aula 11 29-Mar-2006

Aula 12 4-Abr-2006

Romance Realista – Naturalista

Projecto para-científico a que a literatura deveria obedecer

Obras Eça Þ Experimentação da sociedade – aparece não apenas criticado mas também experimentadas: para determinadas atitudes, determinadas consequências Þ carácter determinada da vida.
Literatura simula obedecer aos critérios científicos.

“Agora”
Relação: arte literária funcionalismo social

Porquê? Negação da arte pela arte
A arte tem a função: denunciar, mas não só para criticar mas sim para mostrar e mudar a sociedade, explicar o seu funcionamento.

Arte Þ mostra a realidade – relação muito forte entre
Literatura e verdade/realidade
Denunciar para regenerar
Ensinar para reformular

§ O Romance pode corresponder a uma metodologia cientifica
§ O Romance quase que tem um carácter cientifico e o autor quase que é sociólogo
§ Mas… tudo é uma forma de simulação


Nem tudo é como Eça nos mostra
Dá-nos uma visão especifica daquilo que
se pretende como realidade.

Arte Literária Þ tese social

Intenção pedagógica

Realismo = escritor (artista) – estudioso, vai procurar/pesquisar o carácter cientifico das coisas.

§ O texto manifesta-se como exemplo da tese.

Eça Þ Adultério Feminino


Influenciadas pela literatura de Romances

Românticos – É uma crítica á sociedade que não educa as mulheres, simplesmente andam pelas casas sem nada para fazer.

Tese de Eça – Falta ocupação + preguiça = Adultério

(consequência da educação que a sociedade dá às mulheres)


Aula 14 18-Abr-2006


Cesário Verde

Aparentemente a poesia de Cesário Verde não é enigmática nem difícil. É mais acessível.

Consciência do Tempo


O Romance/conto segue uma sequência temporal, conseguimos acompanhar visto que é assim que nos organizamos no mundo, com o tempo.

Na poesia não encontramos um núcleo identificável, não conseguimos dizer “este poema é sobre o autor/sofrimento” – “todos” os poemas falam sobre isso.
O poema é como um ponto rodado sobre si mesmo, concentrado em si.
Com a poesia não somos capazes de encontrar pontos diferenciados que distinguem “este” texto “daquele”.

Resistência à poesia

A poesia mente pois finge que é literatura;
A linguagem da poesia não é a mesma que utilizamos no quotidiano.

“Erramos” ao dizer/chamar literatura à poesia – é “falso”


§ Descritivo – temporalidade – sequência temporal
§ Personagens no poema
§ Naturalismo – Realismo

O real pode ser todo o mesmo mas a nossa percepção é selectiva – subjectividade

A partir da objectividade vamos a abrir caminho para noções de surrealismo e até mesmo de subjectividade. Excesso de objectividade nos poemas de Cesário.

Presença do sujeito nos poemas de Cesário pode colocar problema a esta noção de objectividade pois temos o olhar objectivo sob a realidade mas com sentimentos desse mesmo sujeito – subjectividade.

Objectividade ou subjectividade?
Não é o real que está em causa mas sim um olhar especifico sobre determinada situação.

Fernando Pessoa:
“A celebridade consiste numa adaptação ao meio, a imortalidade numa adaptação a todos os meios”

Cesário Verde:
Duas facetas evidentes que são conjugadas

§ Realismo/Naturalismo Fuga a todos os processos
Parnasianismo*

*Tipo de poesia de Cesário, falar da vida quotidiana, e dos males da sociedade…

§ Presença do “eu” como um espelho;
§ Refiguração irónica;
§ Herança neo-barroca (transfiguração – o que era imposição de realismo é transfigurado Þ técnicas que tocam no expressionismo e até impressionismo).
§ Cor elemento fundamental: não é qualificador de algo mas constitui elemento figurativo
§ Traços do cubismo – ver sob vários ângulos uma mesma realidade;
§ Livre associação de ideias;
§ Solidariedade social (romantismo social, recuperado pelo Realismo/Naturalismo);
§ Herança de Baindelaire;
§ Descrença nas teorias (por causa do fim do século)
§ Processos em que se manifestam tópicos de herança de narrativa realista;
§ (algum) sensualismo aliada à descrição
ß
Tripla adjectivação =previsão ou
simulação da mesma que se torna ambígua
= Simulação do rigor de
clareza.
§ Narratividade associada à sequência temporal;
§ Discurso coloquial;
§ Evasões;
§ Hipérbato – simular rapidez do traço e da visão Þ impressionismo


Aspectos principais em Cesário Verde:
Fuga ao egotismo;
Importância do social;
Valorização dos sentimentos;
Transfiguração da Realidade (reconstrói-se sob o olhar subjectivo do sujeito enunciante)

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