18 de março de 2007

The Godfather – visão semiótica do filme II


O filme de 1972, O Padrinho, realizado por Francis Ford Coppola é uma obra recheada de simbolismos, rituais e hábitos.
O livro no qual é baseado o filme é um romance de ficção escrito por Mario Puzo, sobre uma família de mafiosos de origem siciliana.
Todo o enredo do filme gira em volta de actos e das suas consequências. É neste círculo que se encontra em certos actos simbólicos uma semiose ilimitada.
Contudo, neste filme, não interessa analisar o que vemos mas sim aquilo que não está directamente explícito. Assim como as próprias personagens fizeram para descobrirem os vários traidores e as várias conspirações.
Ao analisar um filme com tamanha duração e tão recheado de simbolismos é-me difícil falar e/ou abordar casos específicos da película. No entanto, existem alguns momentos na história que obrigatoriamente terão de ser mencionados, como é o caso da morte de Don Vito Corleone. E porquê abordar esta morte e não outra? Don Corleone era um homem de tradições mas de palavra e com moral. Era sobretudo um homem que gostava de manter as origens, e simbolicamente acaba por morrer no seu país de origem: a Itália. Isto é, acaba por cair numa plantação de tomates, que nos remete para uma cultura mediterrânea e para a própria Itália. Outro ponto interessante nesta morte é o facto de naquela plantação ter ficado um velho “Padrinho” e ter saído de lá a correr uma nova geração.
Em todo o filme encontramos sinais que nos remetem para alterações temporais não demarcadas pela escrita. Reparo no passar do tempo quando de uma cena para a outra o bebé já aparece maior, ou quando o “Padrinho” passa de uma situação de “quase-morte” num hospital para o repouso em casa junto à família. Tudo isto são sinais de alteração temporal. Estamos, portanto, perante uma semiose.
A própria música que acompanha as várias cenas torna-se um elemento de extrema importância para que percebamos o filme e para que entremos na própria acção sem darmos por isso. A música seleccionada para a banda sonora remete-nos toda ela para um tempo e para um espaço específico. Um caso de extrema importância em termos de sonoridade encontra-se no primórdio da história, mais precisamente na festa do casamento. O tipo de música é um marco da cultura europeia, e à medida que a ouvimos distinguimos mais facilmente as origens italianas da mesma.
Contudo, aspectos como o guarda-roupa são em todos os filmes, ou pelo menos deveriam ser, factores de ligação entre a história e o espectador.
No caso particular de “The Godfather” não são estes pormenores que dão o interesse ao filme mas sim as ligações dos actos das personagens com as consequências que daí provêm.
O ritual de “quase adoração” que a família mantêm com “o Padrinho” vai-se mantendo de geração em geração.
Podemos construir um quadro semiótico em volta da raiz desta história: Ou “o padrinho” entra no esquema da droga (s1) e mantêm-se vivo (~s2), ou é morto (~s1) o que implica que não tenha entrado (s2).
Não existe uma inovação apenas uma série de rituais contínuos. Rituais estes muitas vezes assentes na palavra. Quando é preciso um favor do Padrinho é preciso saber como abordar a questão e o próprio Dom Corleone.



Sofia Simões

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