Ontem à noite, milhares de pessoas correram até ao muro que dividia as duas Alemanhas, após uma conferência de imprensa, em directo e transmitida pela televisão da Alemanha–oriental. Nessa conferência, Gunter Schabowski, secretário do Comité Central do Partido Socialista, anunciou a decisão do conselho de ministros de acabar no imediato com as restrições de viagens ao Oeste.
Minutos depois desta notícia, a televisão e rádio ocidental lançaram outra afirmando que as portas do Muro iriam ser abertas.
Estas informações levaram milhares de pessoas até aos postos fronteiriços exigindo a sus abertura. No entanto, as unidades militares aí estacionadas, assim como as unidades de controlo de passaportes não cederam as exigências. Segundo os responsáveis dos postos ainda nenhuma ordem lhes tinha sido entregue para que estes pudessem proceder de tal forma.
Por volta das 23 horas, devido à força da multidão e ao facto dos guardas fronteiriços não saberem como agir, a fronteira abriu-se no posto de Bornholmer Strabe. Minutos depois abriam-se também as do centro de Berlim e na fronteira ocidental.
Esta manhã esperam-se milhares de cidadãos na parte ocidental de Berlim. Peter Litfin dono de um bar junto ao muro colocou um cartaz à frente do seu estabelecimento com a frase: “Irmãos da RDA terão cerveja grátis como prenda de boas vindas.”
O MURO DA
DIVISÃO
De recordar que este Muro foi construído na madrugada de 13 de Agosto de 1961, contava com 66,5km de extensão, 302 torres de observação, 127 redes electrificadas e 255 pistas para os cães de guarda.
A construção desta barreira partiu da RDA e Walter Ulbricht foi o primeiro político a referir-se a um muro, dois meses antes da sua construção.
O ENGANO
Ao que consta, a conferência dada horas antes e que levou milhares até as zonas de fronteira, foi “mal interpretada e a decisão só deveria ser publicada amanhã [hoje]” declarou um membro do governo da RDA.
A RDA não queria abrir as suas fronteiras, e sim deixar as pessoas emigrarem do país.
Contudo, não se acredita que este equivoco não seja aproveitado pelas partes.
João Pereira
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