Aula 1 24 – Set – 2008
Semiótica – estudo dos signos;
Sintaxe – relações dos signos entre si;
Pragmática – manuseamento / uso dos signos;
Bibliografia:
Peirce – “A semiótica: a lógica da Comunicação”, (p. 49 a 63);
Morris – “Os princípios básicos da Pragmática”;
A. Fidalgo - “Manual de Semiótica”, (parte da pragmática);
Cometti – “Filosofia sem privilégios”;
Peirce – “Como tornar as nossas ideias claras”;
“O Homem que confundiu a mulher com um chapéu”;
Filme:
“O milagre de Ann Suliven”
Aula 2 1 – Out – 2008
“Como tornar as nossas ideias claras” – Peirce
Peirce – quais os efeitos (relações) =» Não se faz pela intensidade de observação, mas pela engenharia – aspectos políticos;
· Utilizamos correctamente uma expressão quando conhecemos o seu contexto. É preciso ter em conta as relações em que se insere;
Inferência = forma de raciocínio
Dedução: Passagem do geral para o particular.
Ex: Estudas na UBI! Então vives na Covilhã.
Indução: Do particular para o geral
Abdução: método de formação de novas hipóteses explicativas. Peirce associa a abdução ao instinto. Juízos perceptivos são casos, ainda que extremos, de inferências abdutivas
O Pragmatismo, segundo Peirce, é sobretudo um método lógico de clarificação das ideias. É de natureza lógica, está relacionada com os contextos.
Peirce põe em causa as noções cartesianas de clareza e distinção. Para Descartes, clareza significa a capacidade de reconhecer uma ideia em qualquer circunstância que ela ocorra e nunca confundir com nenhuma outra.
O Pragmatismo Como Lógica da Abdução
· A prova de que os efeitos práticos de um conceito constituem a soma total do conceito apresenta-se, segundo Peirce, através do pragmatismo como a lógica da abdução;
· A máxima pragmatista constitui o critério de admissibilidade das hipóteses explicativas. Por isso é que a questão do pragmatismo se identifica com a questão da abdução
TPC:
Ver:
a) Engenheira do pensamento;
b) Máxima pragmatista;
c) “Como tornar as nossas ideias claras”;
d) Manual de Semiótica – parte da pragmática;
Aula 3 8 – Out – 2008
Descartes/Cartesiano
Compreender1
Peirce/ Pragmatista
1- Tornar as ideias claras
Pragmática[1] – em termos semióticos; estuda o uso dos signos, i.e., o contexto dos signos.
Modernidade – método cartesiano de recurso à consciência;
- a responsabilidade última está na consciência de cada um. A idade moderna é a descoberta da consciência.
Ideia Clara e Distinta – aquela que é tão evidente que salta logo à vista, que não suscita dúvidas. (ex: “Penso, logo existo”)
Método Cartesiano – método de elucidação, análise.
Método Pragmatista – “engenharia do pensamento” – método abdutivo (de hipótese)
Peirce considerava que o método cartesiano possuía demasiada psicologia, porque o facto de uma pessoa estar convicta de algo não quer dizer que seja claro (critica de Peirce a Descartes)
Método Cartesiano – é muito solipsista (egoísta)
· Para Descartes, uma ideia é verdadeira quando é clara e distinta, ou seja, as ideias teriam de ser não somente claras ao princípio, como não poderiam suscitar qualquer obscuridades relacionadas com elas (serem distintas).
o Ideia clara e distinta: aquela que é tão evidente que não suscita dúvidas – “Penso logo existo”
A Máxima Pragmatista: Segundo Peirce, a crença é:
1) Algo de que nos damos conta
2) Sossega a irritação do pensamento
3) Implica a determinação na nossa natureza de uma regra de acção (hábito)
Função global do pensamento consiste em produzir hábitos de acção.
Aquilo que o hábito é depende do “quando” e do “como” ele nos leva a agir. A nossa ideia de qualquer coisa é a nossa ideia dos seus efeitos sensíveis, ou seja, a nossa concepção dos seus efeitos constitui o conjunto da nossa concepção do objecto.
Peirce considera o método cartesiano um método muito solipsista. Para se ter uma ideia clara é preciso ter uma visão lata, abrir o horizonte sobre o assunto. Chegamos às ideias claras através da contextualização e do nível comunitário: pensamos nas consequências e no que vai repercutir nos outros.
Aula 4 15 – Out – 2008
Ludwing Wittgenstein nasceu em Viena, 1889.
Tractatus Logico-Philosophicus (1ª Obra) – a linguagem é uma cópia da realidade, pois reflecte da mesma forma a realidade. Os limites da linguagem são os limites do meu mundo (Primeiro Wittgenstein)
“Teoria do Espelho” (Tractatus):
Realidade Matematização da linguagem Linguagem
R1 Pr1
R2 Pr2
Segundo (2º) Wittgenstein (Investigação Filosóficas)
(pag 171 – 191)
Wittgenstein na sua primeira obra, “tractus lógico philosophicus”, vê a linguagem como uma cópia da realidade, pois reflete a realidade da mesma forma que fala. “Os limites da linguagem são os limites do meu mundo”.
O seu pensamento sobre a linguagem incide sobretudo, na “Teoria do Espelho”: a linguagem espelha a realidade.
O pensamento de Wittgenstein evoluiu entre o “Tractatus” e “Investigações Filosóficas”.
Em “Investigações Filosóficas” oferece um novo ponto de vista: o significado das palavras não depende daquilo a que se referem, mas de como são usadas. A linguagem é um tipo de jogo, um conjunto de peças ou “equipamentos” (palavras) que são usadas de acordo com um conjunto de regras (convenções linguísticas).
Wittgenstein nesta obra considera que a linguagem deve ser utilizável e funcional e como tal, a relação entre nome e coisa não é suficiente.
Há uma infinidade de “Jogos de linguagem” e portanto, não é possível unificar a linguagem a partir de uma única estrutura lógica e formal, pois esta actividade a que chamamos linguagem ocorre em vários contextos de acção e faz parte de diferentes formas de vida, havendo, como tal, tantas linguagens quanto a formas de vida.
Aula 5 22 – Out – 2008
Diferentes Teorias da Significação:
1 – Teoria Referencial ou Nomenclativa: as palavras seriam o nome das coisas – nomes/objectos;
2 – Teoria Ideacionista ou Mentalista: as palavras são representações de ideias (significante/significado) – palavras/conceitos;
3 – Teoria Behaviorista/Comportamental (Bloomsfield)
4 – Teoria Pragmática (Peirce , 2º Wittgenstein, Austin): o significado está no uso.
Aula 6 29 – Out – 2008
1º Capítulo – “Pragmática da Comunicação”, Paul Watzlawick
Aula 7 5 – Nov – 2008
Fazer síntese do cap. 1 e 2 do livro “Pragmática da Comunicação”
Aula 8 19 – Nov – 2008
Como tornar as nossas ideias claras?
· Peirce criticava sobretudo o intuicionismo[2] da Filosofia cartesiana;
o Para Descartes a sua a sua ideia clara[3] é “penso, logo existo”
Crítica de Peirce:
Nunca sou só “eu e os meus botões”, sou sempre “eu com os outros, em comunidade” – crítica à visão solipsista.
1) Uma capacidade sobre-humana; Sentimento subjectivo sem qualquer
2) Familiaridade com a ideia em causa valor lógico.
Para Peirce, estar convicto de “algo” não quer dizer que “algo” seja claro. Deste modo, a posição de Peirce em relação ao conceito de “clareza” em Descartes é uma posição anti – intuicionista
Peirce começa por pôr em causa as noções cartesianas de clareza e distinção:
Descartes Peirce
- Para saber o que é uma coisa temos de o fazer de forma clara e distinta | - Quais os efeitos de um signo |
- Ideias claras | - não uma análise do que é mas sim da sua utilidade |
- Substância/Natureza[4] | - como tornar as nossas ideias claras. Como se usa aspectos práticos |
- pessoa que sabe utilizar bem a palavra |
“Engenharia do Pensamento”:
a) As ideias servem para alguma coisa;
b) Verificar se uma ideia funciona melhor que as outras;
Peirce introduz então a engenharia do pensamento moderno. Peirce apresenta o pensamento como um sistema de ideias cuja única função é a produção da crença. O pensamento é uma sucessão ordenada de ideias. A crença produzida pelo pensamento, implica “a determinação na nossa natureza de uma regra de acção (hábito)”. Com a crença acaba a hesitação de como agirmos ou procedermos.
“As diferentes crenças distinguem-se pelos diferentes modos de acção a que dão origem”.
Máxima Pragmatista: A nossa ideia do objecto é a ideia dos efeitos sensíveis que concebemos que o objecto tem ou pode ter;
As nossas ideias podem ser claríssimas sem ser verdadeiras. Isto acontece quando temos grande certeza numa coisa que mais tarde se vem a revelar ser falsa;
Wittgenstein (Investigação Filosóficas)
Jogos[5] de Linguagem[6], estão dependentes do contexto
· A Base da linguagem não é monolítica (com uma única visão), tal como era abordada no Tractatus[7]. A linguagem tem muitos usos.
Aula 9 26 – Nov – 2008
Teorias dos Actos de Fala – Austin[8]
Austin considera os signos linguísticos como acções de determinada força com aplicações diversas.
Com as palavras faz-se a distinção de actos de fala em:
a) Constatativos – todas as afirmações que verificam, apuram, constatam algo (verdadeiro ou falso);
b) Performativos – não constatam nada, realizam algo ou então são parte de uma acção (resultam ou não);
Um acto de fala resulta quando entre o emissor e o ouvinte se estabelece uma relação. Austin enumera 6 regras para o sucesso dos performativos:
1) Existência de uma convenção aceite pela comunidade;
2) As pessoas e as circunstâncias têm de ser apropriadas à realização da acção;
3) A acção tem de ser correctamente levada a cabo pelos participantes;
4) A acção tem de ser cumprida completamente;
5) Sinceridade: tem de haver intenção futura de cumprir o acto de fala;
6) Comportamento futuro tem de estar de acordo com o acto de fala;
Incumprimento de uma das 6 regras: Infelicidade
Incumprimento de uma das 4 primeiras regras: Falha
Incumprimento das últimas 2 regras: Abuso
Aula 10 3 – Dez – 2008
A Apresentação do Eu na Vida de Todos os Dias – Goffman
[1] Uso/manuseamento dos signos. Para definir pragmática é necessário definir o que estuda a semiótica. O termo foi criado por Peirce. A pragmática está relacionada com os contextos: uma determinada operação pode estar correcta num determinado contexto, mas num outro diferente não.
[2] Na filosofia da matemática, intuicionismo, ou neo-intuicionismo (em oposição ao pré-intuicionismo) é uma abordagem à matemática de acordo com a actividade mental construtiva dos humanos.
Qualquer objecto matemático é considerado um produto da construção de uma mente e, portanto, a existência de um objecto é equivalente à possibilidade de sua construção. Isto contrasta com a abordagem clássica, que afirma que a existência de uma entidade pode ser provada através da refutação da sua não-existência. Para os intuicionistas, isto é inválido; a refutação da não existência não significa que é possível achar uma prova construtiva da existência. Como tal, intuicionismo é uma variedade de construtivismo matemático, mas não a única.
[3] A questão do pensamento é cumulativa:
- O nosso conhecimento vai aumentando do centro para a periferia;
- Esta visão sofre de solipsismo
[4] Ex: Uma mesa é um objecto onde podemos escrever. Vemos qual a natureza da mesa.
[5] Regras dentro de um determinado contexto
[6] Forma como uma pessoa se relaciona
[7] O Tractatus Logico-Philosophicus é o único livro publicado em vida pelo filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein. Foi escrito enquanto ele era um soldado, durante a Primeira Guerra Mundial, em 1918. Publicado em alemão em 1921 como Logisch-Philosophische Abhandlung, atualmente é amplamente considerado uma das mais importantes obras de filosofia do século XX.
[8] Teoria dos actos de fala – signos linguísticos como acções de determinada força com aplicações diversas;
Estudo das condições gerais do enunciado
Actos de fala – são acções intencionais
Constantivos – afirmações que apuram, verificam, constatam algo
Performativos – não descrevem, não relatam, não constatam nada, não são verdadeiros nem falsos, eles fazem algo ou então são parte de uma acção.
Regras para o sucesso dos performativos (Austin):
Existência de uma convenção aceite pela comunidade
Falha as pessoas e as circunstancias tem de ser apropriadas à realização de acção
Acção tem de ser correctamente levada a cabo pelos participantes
Acção tem de ser cumprida completamente
Abuso 5/6 sinceridade: tem de haver intenção futura de cumprir o acto de fala
Comportamento futuro tem de estar de acordo com o acto de fala
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