29 de junho de 2007

Boas Férias

Bem pessoal, as aulas terminaram! E com elas terminaram também os apontamentos! Regresso no início de Setembro!
Agora vão ser dois meses de trabalho! Ganhar algum dinheirito... depois de volta para o último ano da licenciatura!
Antes de ir de "férias" vou postar o mapa mundo com as visitas ao meu blog! A todos os que me visitam com regularidade e aos outros que aqui vão aparecendo caídos do google (e outros motores de busca) o meu muito obrigado!

20 de junho de 2007

"O FIM DOS TABUS"


I. Introdução

O presente trabalho foi realizado no âmbito da avaliação contínua da disciplina de Linguagem dos Media (5314) e constitui a aplicação prática em grupo dos conhecimentos adquiridos durante a leccionação da disciplina.
Os media são parte inerente à sociedade e, segundo Émile Durkheim, um dos mecanismos ou instituições de controlo social. Os meios de comunicação nas sociedades contemporâneas assumem, assim, assaz importância pelo seu carácter eminentemente informativo mas igualmente de entretenimento, especialmente potencializado com o aparecimento dos meios tecnológicos que alargaram o seu poder. Por outro lado continuam a funcionar como instrumento de controlo social. Desta forma torna-se crucial avaliar de que forma a linguagem utilizada pelos media potencializa esta vertente informativa e de controlo, estudando a forma como apresentam os diversos assuntos, analisando os elementos constituintes de cada molécula informativa numa análise a possíveis elementos que evidenciem a transmissão implícita ou não de dados que possam tornar tendencioso o discurso jornalístico, nomeadamente no que concerne à transmissão determinadas ideias em detrimento de outras, favorecendo, desta forma, os produtores da ideia que prevalece e se veicula nos media.
Assim, a linguagem dos media através da análise de conteúdo, do discurso e da imagem permite avaliar de que forma se abordam os temas nos meios de comunicação. Decompondo o trabalho jornalístico a fim de detectar elementos como o enquadramento, ideologia, tipificações e estereótipos, estruturas narrativas, estratégias implícitas ou explícitas, estilo da linguagem e diversos outros elementos. É nestes contornos que o nosso trabalho será desenvolvido.
Desta forma seleccionámos um trabalho onde pudéssemos aplicar os conhecimentos adquiridos ao longo do semestre, escolhendo para isso um elemento de análise que permitisse tanto análise de texto como imagem de forma a apresentar um estudo mais completo e aplicado aos elementos que foram alvo de análise no decorrer das aulas. Após alguma procura de elementos escolhemos a reportagem VISÃO “O fim dos tabus” de 12 de Junho de 2001, da revista número 431
[1] como alvo da nossa aplicação de conhecimentos.


II. Processo de selecção do material a analisar
A nossa pesquisa de material de análise foi efectuada no Arquivo da Biblioteca Central da U.B.I. entre os dias dois e seis de Abril sendo primeiramente de escolha de jornais e posteriormente, por decisão unânime do grupo, de selecção de uma reportagem da revista VISÃO: “O fim dos tabus”.
Na pesquisa da reportagem a analisar cada elemento do grupo ficou encarregue de ver e seleccionar as dez reportagens mais interessantes e ricas em conteúdo, sendo finalmente escolhida a reportagem a analisar de entre as 40 seleccionadas pelos membros do grupo entre revistas do ano de 2000 a 2007.
Seleccionado o material a analisar passámos a fase seguinte e mais importante: escolha do método de abordagem da reportagem.

III. Problematização: escolha do método
Após a selecção do material em concreto elaborámos um pequeno índice de tarefas a realizar por ordem determinada (leitura integral da peça e análise). Nesta fase da análise recorremos a uma metodologia que consistiu em abordar a reportagem segundo o plano definido consoante os elementos fornecidos. Essa análise abordou os conteúdos seguintes:
a. Análise da imagem
b. Enquadramento
c. Detecção e análise de figuras de estilo
d. Identificação de tipificações e/ou estereótipos
e. Estratégias segundo Kenneth Burke
f. Estratégias enunciativas
g. Mecanismos de autenticação e credibilização
h. Verificação de ideologias
Assim, seguindo este modelo metodológico de análise, vamos passar a apresentar os resultados do nosso trabalho sob a forma de texto estruturado de forma respeitante ao modelo de tópicos atrás enunciado.

A. Análise da imagem
A capa foi o primeiro contacto que tivemos com a reportagem e um dos motivos que nos levou a escolhe-la como objecto do nosso estudo na medida em que nos remete de imediato para uma outra imagem: o pecado original. É uma recriação do pecado de Adão e Eva e funciona como uma metáfora que se refere aos debates na praça pública portuguesa de temas relacionados com o sexo e a forma como os portugueses lidam com esses temas. É também uma primeira indicação das ideias dos autores que vêem o sexo, ou pelo menos o modo como está banalizado, como um “pecado” .
Em primeiro lugar a posição dos próprios modelos suscita em nós uma inegável e imediata ligação para a mais famosa “trincadela” no fruto proibido da “árvore do conhecimento” que ditou a expulsão de Adão e Eva do paraíso e privou a Humanidade, segundo a religião cristã, da perfeição e vida infindável, condenando-a à luta constante por um lugar melhor.
A figura masculina que abraça a feminina como que aprovando a acção pecaminosa. Além disso ambos olham para o fruto do seu pecado (a maçã) sem no entanto se arrependerem verdadeiramente do seu acto.
A maçã, o pomo da tentação aparece na primeira página desta reportagem não com uma dentada, como Eva fizera
[2], mas praticamente comida. Esta modificação pode ser encarada como metáfora da crescente desinibição dos portugueses em falar de sexo e todos os assuntos a ele inerentes (despertar para a sexualidade, o sexo entre casais, o sexo na televisão, as posições sexuais, todo um role de assuntos relacionados). É este crescendo dos portugueses falarem de sexo sem pudor o tema abordado pela reportagem.

B. Enquadramento
A presente reportagem foi realizada acerca de seis anos, altura de proliferação dos Reality Shows em Portugal e cerca um mês após o fim do Segundo Big Brother
[3] além de que é efectuada numa altura em que as marcas cada vez mais publicitam os seus produtos conotando-os com valores exacerbados de sensualidade, associando o consumo dos seus produtos ao prazer.
Ao longo dos Big Brother foram várias as cenas de sexo, ponto para ao qual a reportagem faz alusão, inclusive introduzindo imagens comprobatórias. Estas imagens escaldantes mereceram “honras de discussão nacional” e levantaram questões relativas à forma como o sexo passou a ser encarado entre os portugueses: sem tabus ou quaisquer tipos de pudores.
O enquadramento escolhido por Sílvia Souto Couto, Carla Melo e Maria João Sequeira é o de olhar a sociedade portuguesa à luz destes acontecimentos recentes da revolução dos Reality Shows e a crescente facilidade de falar de sexo, explicando as mudanças encetadas na sociedade nacional e as inúmeras causas dessas mutações nas “mentes sociais”
[4] dos portugueses, recorrendo para isso a declarações de sociólogos e psicólogos que procuraram elucidar sobre essas mudanças e a nova forma como os portugueses encaram o sexo.

C. Detecção e análise de figuras de estilo
Com as figuras de estilo procuram-se transmitir ideias que tenhamos e que poderiam ser expressas por palavras simples, no entanto, as figuras de estilo realçam, destacam e prendem mais facilmente a atenção do leitor, especialmente quando bem aplicadas, levando-o a reflectir sobre as suas significações algo que, caso fosse expresso numa linguagem explícita facilmente passaria despercebido ao leitor mas que com os recursos estilísticos é destacado. Esta reportagem, assim como a maioria dos textos deste género jornalístico, é rica em recursos estilísticos. Nessa medida apenas iremos referir alguns exemplos.
Não fosse o tema “O Fim dos Tabus” talvez a linguagem não fosse tão informal e até em certas partes recheada de coloquialismos.
O super-lead inicia-se de imediato com a repetição da palavra “sexo”, acabando com a anáfora “Ele há beijos, abraços e carinhos ousados (…), ele há confissões em directo, ele há sexo ao vivo!”. Mas não só, é-nos ainda explicado no super-lead que este tema é falado nos mais diversos meios sociais, “sexo! É o novo mantra nacional, entoado dos media às alcovas (…)”. Todo este parágrafo tem uma crítica social implícita mascarada por um certo humorismo encontrado no coloquialismo e gradação da frase que finaliza o super-lead. Um exemplo bastante bom de um super-lead apelativo que cativa os leitores para a leitura integral da peça através de frases enigmáticas que apelam a descodificação do seu sentido.
No entanto, se dúvidas restassem quanto à intenção irónica dos autores, tomemos como exemplo o lead da reportagem: “Com um vibrador na mão, a aniversariante que cumpre 31 anos exclama perante o último presente: «Ah, é um aparelho de massagens… facial» ”. Esta atitude rapidamente merece um comentário fortemente sarcástico “(o argumento dito feminino funciona como carros, porque não há-de funcionar com vibradores?)”, “e o sugestivo objecto, reduzido à condição de electrodoméstico íntimo (…)” que reafirma o carácter irónico/sarcástico que envolve toda a reportagem. De forma mordaz os autores captam a inibição inicial em relação ao presente, inibição essa que rapidamente passa para um role de opiniões como se da avaliação de um carro se tratasse.
No parágrafo seguinte é referido que esta situação é da vida real e não dos Reality Shows afirmando que não são apenas as televisões que banalizam tais práticas na medida em que “(…) basta «levantar as antenas» para perceber que um vento de mudança percorre o país”. Uma metáfora finalizada com a controversa e ambígua frase “o sexo está na boca do povo”. Além das já mencionadas o texto comporta diversas outras, das quais devemos realçar: que “as sex-shops (…) se integram pacificamente na paisagem urbana”, “as crianças que brincavam ao «ao Sérgio e à Verónica» ” e “(…) o imaginário masculino português não mudou muito: «A maneira como se pinta é que é diferente» ”, o strip- tease e o table- dancing “perderam o perfume da transgressão”, o prazer de fugir à norma foi substituído e tornou-se uma trivialidade comum nas saídas entre amigos. Estes exemplos apenas citam algumas das metáforas que melhor retratam a capacidade destas em recriar uma nova linguagem dentro da linguagem tornando mais agradável e rica a reportagem.
Contudo, apesar do trabalho estar recheado de metáforas e ironias nem só destes recursos estilísticos vive esta reportagem. Não fosse o sexo algo Universal, encontramos exemplos de galicismos “l’amore, l’amore ” e anglicismos como “Sexappeal”.
Podemos ainda referir a perífrase: “paraíso do erotismo made in USA” como referência à Playboy; e a redundância: “cada sociedade tem os seus valores e os jovens de hoje têm também o seu sistema de valores próprios”, reforçando a ideia de que a forma como se encara o sexo e os seus chamados tabus varia de sociedade para sociedade e dentro da própria sociedade as ideias diferem entre os indivíduos da comunidade.
Os concorrentes dos Reality Shows exibidos em Portugal (especialmente os da primeira versão do Big Brother) podem funcionar como uma metonímia da sociedade portuguesa que, se por um lado demonstra já menos dificuldades na altura de abordar questões ligadas ao sexo do que as gerações que os antecederam, por outro lado revelam alguma agnosia no que diz respeito a esta matéria. Durante todo o programa o sexo foi um dos temas que mais veio ao de cima, quer por alguns participantes que pretendiam passar uma imagem de grande conhecimento e confiança sobre este assunto, quer pela ignorância que outros concorrentes possuíam e que deram azo a comentários, críticas e a ridicularizar situações íntimas vividas pelos casais então formados, relembremos o “órgias”.
O facto de doze pessoas poderem ser consideradas como representativas da sociedade em que se integram funcionou ao mesmo tempo como alavanca para um cada vez maior destaque dado ao sexo e impulsionador de audiências. Ao colocarem o país a falar de sexo sem os tabus de outrora estes concorrentes, quer se queira quer não, abriram um pouco a mentalidade dos portugueses e isso foi bem visível nas seguintes edições do mesmo concurso em que cada vez mais os concorrentes se mostravam desinibidos e menos preconceituosos.
Este é um trabalho repleto de figuras de estilo da primeira à última linha, dotado sobretudo de metáforas e ironias e usando uma linguagem informal por diversas vezes recorrendo a coloquialismos como forma de ironizar e simultaneamente mostrar um certo desagrado pela banalização do sexo mas igualmente pelo carácter aparentemente pudico que Portugal e os portugueses tentam passar para o mundo.
D. Identificação de tipificações e/ou estereótipos
Ao longo do texto existe uma clara alusão a um estereótipo que vais sendo desconstruído no decorrer da peça: o falso puritanismo português. Uma ideia pré concebida e errada de que a “população portuguesa foi educada em princípios rígidos”, algo que rapidamente é negado na medida em que “só existe ao nível do discurso, da prática não há”. Além disso a inibição apenas se verifica inicialmente mas rapidamente se ultrapassa (relembremos o casos das jovens que estranharam mas depois entranharam o tema do vibrador que depressa lhes passou de objecto estranho a conhecido de longa data). Não obstante, “A televisão é o reflexo da sociedade onde está constituída” sendo, desta forma impossível apelidar Portugal de um país de pessoas puritanas quando os programas de maior audiência nas televisões são os ditos da vida real (Reality Shows), repletos de cenas de sensualismo e sexo explícito e programas como “A dama de espadas” (SIC Radical), e os canais com maiores taxas de subida de assinaturas o Playboy e Sexy Hot.
O estereótipo da mulher fatal é outro que se pode verificar nesta reportagem, não pelo próprio texto mas pelas informações visuais e respectivas legendas (pág.110 e 112) que apresentam a mulher fatal como tendo fiéis admiradores em tamanho número que a sua imagem acrescentada de sensualidade é utilizada nas campanhas aos mais variados produtos, a favorita dos homens, uma figura feminina que emana sensualidade. Esta mulher fatal apresenta-se invariavelmente ligada ao sensualismo e beleza e de formas corporais perfeitas capazes de fazer despontar uma das mais primárias necessidades do Homem. Uma figura feminina que apela ao espectador masculino. A mulher fatal é a Afrodite
[5] dos tempos modernos.
Finalmente a figura estereotipada do metrossexual (pág. 113), igualmente de figuras corporais perfeitas que ocupa as mulheres no “novo desporto feminino nacional: assistir a shows de strippers masculinos”. Uma figura masculina também conjugada com um sensualismo que, à semelhança do efeito mulher fatal no homem, desperta nas mulheres sentimentos iguais.

E. Estratégias segundo Kenneth Burke
Neste ponto referimo-nos aos três tipos de estratégias discursivas enunciadas por Kenneth Burke (implícitas de associação, implicação, conflito e falta). Desta forma, aplicando estes conceitos de Kenneth Burke podemos encontrar as estratégias implícitas de associação que começam nas imagens e se estendem ao texto em expressões que recorrem a recursos estilísticos.
Começando pelo início a imagem de que serve de capa à revista, a mesma reproduzida na página inicial da reportagem tem uma analogia mitológica, apresenta-nos a crescente falta de pudor em falar de sexo com o “pecado original” cometido por Adão e Eva. Além disso é uma imagem que de imediato nos remete para o assunto da reportagem e, quer se admire ou condene, está uma imagem muito bem conseguida além de que desperta de imediato a atenção do leitor.
As imagens das pág. 110, 112 e 113 representam a associação sexo/publicidade. As fotografias são invariavelmente referências ao carácter erótico e sexual que a publicidade aproveita para causar impacto e obter lucro com a venda dos produtos através destas associações. Uma estratégia que as empresas de publicidade usam e abusam correndo o risco de banalização tal deste carácter de associativo de consumo de produto igual a prazer libidinal que conduzirá mais tarde ou mais cedo à exaustão e consequentemente repulsa deste tipo de anúncios por parte do publico.
Além desta estratégia implícita de associação não devemos deixar de fazer referência às explícitas imagens da pág. 112, 113 e 114 que nada de implícito têm, pelo contrário, não podiam ser mais explícitas. A sua única e possível referência é, sem dúvida alguma ao sexo: a famosa rapidinha de 54 segundos do Big Brother; uma fotografia de uma montra de uma Sex-shop com direito à amostragem de todo o tipo de acessórios sexuais; a fotografia de António Pacheco ao lado de uma representação artística do pénis; os filmes “Amo-te Teresa”, “O império dos sentidos” e “De olhos bem fechados”. Todos estes elementos enunciados neste parágrafo complementam as imagens com referências implícitas como as enunciadas no parágrafo precedente e funcionam simultaneamente como incentivo a levar o leitor a pensar nas imagens com códigos e significados mais implícitos de forma mais atenta, limitando no entanto as conotações destes às denotações que se extraem das imagens explícitas.
Finalmente devemos referir a estratégia de oposição entre a opinião dos profissionais (semelhante à posição que os jornalistas imprimem no texto) e dos portugueses em geral: por um lado os profissionais defendem uma maior abertura da educação e cultura ao tratamento de temas relacionados com o sexo e afirmam que a sociedade portuguesa é mais aberta a estes “temas escaldantes” do que a posição eminentemente pudica que se passa; por outro lado a sociedade portuguesa que ainda se encara como profundamente respeitadora dos valores tradicionais da religião cristã e bons costumes quando na realidade tem o Big Brother a liderar as audiências, encarando os Reality Shows como “o último ponto erógeno” descoberto.

F. Estratégias enunciativas
Como já referido anteriormente esta reportagem foi escrita de modo a assumir um papel crítico e demarcado em relação à sociedade portuguesa.
Apesar de se pautar sobretudo pela modalidade assertiva (“esta é uma cena da vida real … ”) esta reportagem acarreta ainda estratégias como a possibilidade (“o argumento feminino funciona com carros, porque não há-de funcionar com vibradores?”). No entanto são vestígios raros.
A nível de opiniões prevalece na escrita uma demarcação entre as opiniões divergentes entre autores, figuras credíveis, o ethos das provas artísticas de Aristóteles e a sociedade em geral. Os jornalistas solidificam a sua posição recorrendo à citação dos profissionais que procuram ser objectivos nas suas investidas através da exposição de argumentos concretos, não havendo, desta forma, lugar para pressuposições, amálgama, intertextualidade ou dictização.

G. Mecanismos de autenticação e credibilização
Os mecanismos de autenticação e credibilização na peça jornalística não foram esquecidos, a redundância é o mecanismo de autenticação utilizado. Podemos encontrá-la na sequência de lead, imagens e respectivas legendas. Neste ponto a ideia que os jornalistas tentaram passar além da realidade factual que apresentaram foi, sem dúvida alguma, o facto de o sexo ser cada vez menos um tabu e crescentemente um assunto predilecto de conversa, contrariamente às ideias antípodas que se tentam passar.
Encontramos esta ideia espelhada no título “[sexo] O Fim dos Tabus”; no super-lead “[sexo] É o novo mantra nacional”; no lead “esta é uma cena da vida real”; nas legendas das fotografias “O erotismo serve cada vez mais para vender”, “(…) Playboy Tv. tem o seu público fiel de admiradores”, “A rapidinha do Big Brother mereceu honras de discussão nacional”, “Cada vez mais também em prime-time. Filmes, novelas, anúncios, todos usam e abusam”; e ainda nas fotos que acompanham a peça. Esta repetição sucessiva de ideias que expressam o mesmo reforçam o carácter cada vez menos e mais público do sexo e assuntos relacionados.
Podemos ainda considerar os gráficos que acompanham a referida peça como meios de autenticação e credibilização. O primeiro tem como título “O forte está seguro” e explica que “quase um quarto das raparigas e um quinto dos rapazes ainda não tinham experimentado os prazeres do sexo aos 25 anos”; o segundo “quem ensina quem” é acompanhado com um texto que refere “pais e campanhas à parte, a contracepção aprendeu-se com os amigos”; o terceiro e último gráfico “sexo é com o namorado” afirma que “elas dizem que sim, eles nem por isso. É que «namorar» ou manter um «caso» não parece ter o mesmo significado para ambos os sexos”.
Assim, recorrendo aos elementos referidos funcionam como mecanismos de autenticação e credibilização que imprimem à escrita jornalística uma fidelidade e simultaneamente coesão na medida em que servem para reafirmar as ideias que os jornalistas pretendem passar com a peça.

H. Verificação de ideologias
A visão que os jornalistas usaram na realização deste trabalho dá a entender ao leitor uma visão sobre o modo desfavorável como a sexualidade é abordada na sociedade contemporânea portuguesa. O ângulo de abordagem é definitivamente um ângulo propício a uma crítica mordaz à sociedade e ao modo como esta, actualmente, reage ao tema sexo.
Contudo, há uma consciencialização da evolução de ideias em relação à sexualidade “há umas décadas, eles descobriam a sua vida sexual essencialmente com prostitutas” actualmente as coisas não mudaram muito e a mentalidade matem-se, “a maneira como se pinta é que é diferente Antes esse imaginário era a preto e branco, hoje é muito colorido (…) o desejo é o mesmo, as fantasias é que vão mudando”, afirma Domingos Amaral, director da Maxim.
Os portugueses vêm-se como um povo de mentalidade mais fechada e menos liberal, quase pudica, contudo esta reportagem vem demonstrar uma realidade que ninguém quer ver. O sociólogo Paquete de Oliveira argumenta que tem havido uma evolução dos costumes e que actualmente “as pessoas assumem com menos hipocrisia e mais sinceridade o tipo de relação que mantêm”.
Juan Goldien, responsável da Endemol, a viver há 7anos em Portugal explica que “cada programa é um reflexo do povo, do país”, e que a tal imagem do país conservador “não é verdade. Há uma insegurança nos portugueses que os faz verem-se dessa forma”. No seguimento de uma visão de maiorias e minorias é José Pacheco, sociólogo, que explica que “na sociedade antiga, aqueles que sofriam (…) eram os que tinham uma forte orientação sexual (…). Hoje, é a minoria, o grupo com pouca vida sexual que sofre penalizações (…) ”.
Neste sentido há claramente duas ideologias distintas: uma ideologia gerontocrática e outra dinamizada pelos mais jovens. A primeira está mais presa ao tempo, inclui as pessoas com mentalidades mais ligadas a tradições e valores religiosos rígidos; por outro lado as mentalidades dos mais jovens e deveras mais abertos a falarem de qualquer assunto sem quaisquer pudores, ultrapassando mesmo por vezes as barreiras do chamado “aceitável socialmente”.


IV. Conclusão
Após a análise feita à reportagem “O fim dos tabus”, é possível concluir que o enquadramento escolhido pelos jornalistas foi obviamente a tentativa de confrontar a visão puritana que se tem dos portugueses e o seu “pseudo pudor” em falar de sexo, ou o confronto dos princípios rígidos incutidos na educação com a verdadeira realidade: a descoberta por parte dos portugueses de que “falar de sexo é tão bom como fazê-lo”.
A primeira visão apenas se verifica no que concerne ao discurso, pois nas acções confirma-se a segunda. Não existe recato de espécie alguma como se verifica pelos diversos exemplos dados pelo texto (o exemplo da “sem vergonha” que participam naquele telelixo – que curiosamente todos vêm – as visitas rotineiras a espectáculos de striptease e a proliferação de assinaturas dos canais eróticos e sex-shops) e todas as imagens (uso da publicidade com ícones sexuais ou um screenshot da “rapidinha do Big Brother”) que adornam a reportagem e nos fornecem mais informação e material de análise.
Para esta transformação não foi só o evoluir dos tempos que contribuiu, também o “auxílio” dos media foi fundamental. Não se pode descuidar o facto de que foi a televisão que lançou os Reality Shows, que por sua vez lançaram o debate público acesso em torno dos assuntos do sexo, tal como é referido na última página da reportagem pela “ experiência das técnicas do serviço de telefónico Sexualidade em Linha que, após certas transmissões do Big Brother, responderam a muitas questões ” relacionadas com determinados assuntos abordados e/ou praticados pelos concorrentes. Além disso não podemos esquecer o facto de actualmente as revistas que não dispensarem uma chamada de capa relacionada com sexo e secções dedicadas exclusivamente a tratar de todo o conjunto de temas relacionados. Tal como é referido na última página da reportagem pela “ experiência das técnicas do serviço de telefónico Sexualidade em Linha que, após certas transmissões do Big Brother, responderam a muitas questões ” relacionadas com assuntos vistos na Tv.
Após esta relativamente exaustiva análise apraz-nos dizer que concluímos os objectivos iniciais a que nos propusemos e realizámos um trabalho minucioso na procura da aplicação dos diversos conhecimentos apreendidos ao longo da leccionação da disciplina de Linguagem dos Media.
Os portugueses estão, portanto, menos “pudicamente tradicionalistas” no que toca ao sexo do que inicialmente se poderia pensar, e no que concerne a acções não revelam quaisquer pudores. Já relativamente ao discursar sobre assuntos relacionados com sexo as coisas soa um pouco diferentes mas estão bem encaminhadas para a equiparação ao à-vontade de outros países. “ Não é o sexo que está na moda, as pessoas é que deixaram de o encarar como um tabu”.
As visões desta reportagem mantêm-se actuais. Apesar da época em que se falava de sexo “como quem comia um iogurte” já estar um pouco ultrapassada. A sexualidade cada vez mais se encontra entranhada na sociedade, e isso é algo que não se pode combater.
[1] O material analisado pode ser consultado nos Anexos deste trabalho.
[2] Génesis Cap. 1 a 3
[3] Primeiro Big Brother (3.09.00 a 31.12.00); Segundo (21.01.01 a 20.05.01)
[4] “A constituição social da mente: (re) descobrindo Jerome Bruner e construção de significados”; Mônica F. B. Correia; Universidade Federal da Paraíba; 2003
[5] Deusa grega da beleza e da paixão sexual. Originário de Chipre, o seu culto estendeu-se a Esparta, Corinto e Atenas. Foi identificada como Vénus pelos romanos.


Bibliografia Activa
(ordenada alfabeticamente por fonte)

Obras consultadas:
Apontamentos facultados pelo docente: “E - Caderno - de linguagem dos media”, in http://jcfcorreia.googlepages.com/e-caderno-linguaemdosmedia

Internet:
Figuras de estilo: http://esjmlima.prof2000.pt/figuras_estilo/figurestil.htm
Dicionários Porto Editora: http://www.portoeditora.pt/dol/
Infopédia - Dicionários e Enciclopédia e http://www.infopedia.pt/
Porto Editora online: http://www.portoeditora.pt/




Bibliografia Passiva
(ordenada alfabeticamente por fonte)

Obras consultadas:
“A constituição social da mente: (re) descobrindo Jerome Bruner e construção de significados”; Mônica F. B. Correia; Universidade Federal da Paraíba; 2003
Trabalho Realizado por: Mário Matos, Sofia Simões e João Pereira
Acrescento: este trabalho foi realizado também pelo meu colega DAVID BARÔA! Ao qual peço imensa desculpa por me ter esquecido de referir o seu nome como autor deste trabalho.

Fotografias Digitais 1
















"Onde mora a fotografia hoje"











1 - Introdução
1.1 - A Manipulação da Fotografia no séc. XX

Este trabalho insere-se na cadeira de Fotografia leccionada na Universidade da Beira Interior no segundo semestre lectivo do ano escolar de 2006/2007.
O referido trabalho vai incidir sobre a fotografia, mais concretamente a sua modificação/adulteração, no século XX em contraste com o início do século XXI.
O início do século XX foi a porta de entrada para uma rajada de ar fresco no que toca à fotografia. A fotografia deixa de aparecer como um acto literal da captação do real, que muitos acreditavam ser o único e possível objectivo da fotografia. Começa a existir uma fuga ao ideal estético modernista.
Procura-se enquadrar a fotografia como uma linguagem, existe uma procura da difusão do acto fotográfico através de uma nova linguagem.
Entramos, assim, na manipulação da imagem abandonando a mera percepção visual tentando alcançar um código visual sugestivo de novos estados de consciência tal como o Surrealismo, Dadaísmo, Futurismo e Abstraccionismo.
Deixa-se ver a fotografia apenas como um espelho da realidade como nós a vemos, para se iniciar uma nova forma de mostrar a realidade. Estranha num primeiro olhar, mas que não deixa de espelhar a realidade, agora não a partir dos nossos olhos, mas a partir da visão do fotógrafo.
A fotografia começa a ser tomada como uma forma de arte. E muitos artistas começaram a olhar a fotografia como um quadro do real que poderia ser alterado de modo a passar uma ideia sobre esse mesmo real.
A arte de fotografar e de modificar a imagem vai evoluindo, e os trabalhos começam cada vez mais a representar as sociedades.
Mas, nunca perde (a fotografia) o objectivo de mostrar o mundo através de um rectângulo mágico. Bill Brandt com Belgravia e Campden Hill expõe a possibilidade de ver as coisas num determinado ângulo em detrimento de outro de modo a obtermos uma percepção completamente divergente que teriam se a víssemos de uma maneira tradicional. O mundo é-nos mostrado de uma forma tão distinta daquela a que estamos habituados que a nossa compreensão dos trabalhos tornasse extremamente complicada. De lembrar que Brandt faleceu em 1983, e que esta fotografia é de 1951. Percebemo-nos da intenção, não só deste, mas de quase todos os fotógrafos deste século em não mostrar a realidade de “mão beijada”, mas obrigar o “leitor” da foto a pensar. O que se veio a perder como veremos mais adiante.
A fotografia, assim como qualquer outro tipo de arte, vai de encontro às correntes sociais e artísticas do meio onde estão inseridas.
Muito devido ao avanço tecnológico, ao aparecimento da fotografia digital mas também à entrada numa sociedade de consumo, a fotografia veio tomar uma importância diferente daquela que tinha vindo a ter ao longo dos tempos.



1.2 - A Manipulação da Fotografia no início do séc. XXI

Sou obrigado a ter, agora, a preocupação em distinguir “modificação da fotografia” com “adulteração da fotografia”. Designa-se modificação da fotografia à alteração de uma foto original de modo a dar-lhe artístico, humorístico ou outro, a pessoa que vê a fotografia tem de saber de imediato que imagem que vê não é original e que através de algum processo sofreu uma modificação. Sempre que esta modificação não esteja visível, explícita ou em último caso, o indivíduo que a visualiza não seja informado da alteração da realidade, aí falamos de adulteração.
Não quero com isto dizer que a adulteração fotográfica tenha aparecido neste período. Contudo, é actualmente que essa adulteração está mais acessível e poderá ter lugar mais facilmente.
A fotografia no início deste século está tão banalizada que caiu no esquecimento de muitos. Contudo quantidade não significa qualidade. E as “grandes” fotografias que vemos actualmente têm pouco de arte fotográfica e muito de arte informática. Confesso a generalização, no entanto é o que sinto e o que mais à frente tentarei demonstrar.
Se a modificação fotográfica no século XX já vinha carregando partes de humor, sarcasmo, meio de passagem de ideias e ideologias, o presente século veio acentuar uma faceta que só no final do séc. XX começou a aparecer: a modificação da fotografia com intenção publicitária.
Esta “faceta” surge num contexto de consumismo instalado nas sociedades, e numa era que se apelida de “comunicação”. É nesta era que a fotografia como linguagem ganha todo um novo valor, toda uma nova dimensão!
O jornalismo, a Internet, tudo vai funcionando com apoio da fotografia. Milhares de fotografias vão circulando diariamente pelo mundo, através da imprensa escrita, através dos periódicos on-line, através de correios electrónicos…
Até os telemóveis ganham mais valor se tiverem câmara fotográfica. Nesta era da comunicação tem mais credibilidade quem tem provas físicas – fotografias, imagens… Mesmo sabendo que estas mesmas “provas” possam ter sido adulteradas.
Às vezes até os meios mais fidedignos nos desiludem! A fotografia é aquilo que o Homem faz dela.


2 - A Fotografia no séc. XX

Alvin Langdon Coburn estabelece ligações com o Ring Brotherhood (grupo que entre 1892 e 1908 estruturou o movimento pictorialista inglês). Encontra-se no cruzamento das influências do Simbolismo, do Pictorialismo, do Modernismo e das vanguardas que emergiam, extraindo sempre dessas oportunidades novas possibilidades plásticas de representação fotográfica. É em 1917 que o fotógrafo desenvolve o trabalho dos Vortogramas, célebre pela condição abstracta destas imagens.
Como já referi, num dado período muitos artistas começaram a olhar a fotografia como um quadro do real que poderia ser alterado de modo a passar uma ideia sobre esse mesmo real. Foi o caso de Lissitzky que além de arquitecto, professor, designer gráfico e tipógrafo foi ainda fotógrafo. Sendo um dos impulsionadores do Construtivismo. Construtor além de ser um espelho da vida do autor, é o melhor exemplo de um trabalho do construtivismo.
É neste campo que a fotografia, e tudo o que utiliza como meio a fotografia (como por exemplo a propaganda), começa a inteira-se, cada vez mais, do social e da realidade social. Tornando-se muitas vezes num meio de protesto e de luta.
John Heartfield, pintor, cenógrafo, artista mestre e precursor da fotomontagem é um exemplo de artista que utilizou esta técnica para passar os seus ideais e para defender causas. Ao lado vemos a capa de uma edição especial da AIZ sobre uma acção conjunta anti-fascismo intitulada “Todos os punhos num único aperto”.
Este é um dos muitos exemplos que poderia referir em relação a este artista. A sua luta contra o nazismo traduziu-se em inúmeros trabalhos de fotomontagens.
A fotografia desde a sua descoberta foi evoluindo e com ela a sua própria evolução como linguagem. É neste século (XX) que se pode começara aplicar, de forma irrefutável, o slogan “uma palavra vale mais que mil palavras”.
Richard Hamilton por muitos considerado o “pai” da “pop arte”, disse, em 1956, que as obras artísticas deviam ser “populares, transitórias, esquecíveis, produzidas em massa, jovens, em escala empresarial, de baixo custo, humorísticas, sexy, ardilosas e glamorosas”. Na verdade, hoje em dia a fotografia encontra-se dentro destes parâmetros. No entanto as verdadeiras obras de arte fotográficas, nomeadamente as de Richard Hamilton, continuam a ser tudo menos “pechinchas”.


É também este autor um dos que começou a abordar temas como “a sociedade consumidora”, “a Masculinidade e o Feminismo”, “a tecnologia”, “O porquê da arte ser transitória”, “O Humor relacionado com a Ironia”…
Esta montagem é um exemplo da abordagem a muitos dos temas referidos. É também uma evidência de que a fotografia acompanha a sociedade e os temas sociais. A sexualidade, a emancipação da mulher (mas ao mesmo tempo a mulher como dona de casa), a adoração o corpo, a televisão, a rádio, a publicidade…
Hamilton consegue perceber o que o futuro traria. Como já podemos perceber em nada se equivocou. Esta montagem é tão, ou mais, actual do que foi na sua época! O fotógrafo entende que o futuro passará pela comunicação, pelos meios de comunicação, pela sexualidade, pela publicidade, pelo humor…
Importa ainda abordar as correntes que marcaram a história da fotografia neste século.
Já aqui abordámos o Construtivismo. Este foi um movimento de arte abstracta que se manifestou pouco antes da Revolução Russa de 1917 e veio a subsistir até 1922.
Os Construtivistas tinham como objectivo fazer da arte, uma investigação autónoma e científica, averiguando as propriedades abstractas da superfície pictórica, da construção, da linha e da cor.
O Construtivismo foi lançado em Moscovo após a Revolução, por Vladimir Tatlin e Alexander Rodchenco, e ainda El Lissitzky e Naum Gabo;
Os construtivistas deram um também um extraordinário impulso à fotografia como linguagem, inovando radicalmente nos domínios da propaganda, colagem, artes gráficas, tipografia, fotografia e fotomontagem, cinema, teatro, etc.
Já o Dadaísmo foi uma corrente que se opôs aos valores tradicionais, procurando destruí-los, defendendo a liberdade do indivíduo, a espontaneidade e a imperfeição. A sua utilização assinala a falta de sentido que a linguagem pode ter. Contrariando a ideia que a fotografia deveria passar uma mensagem e/ou ter uma linguagem mais ou menos definida. O Dadaísmo é sobretudo, caracterizado pela oposição a qualquer tipo de equilíbrio, pela combinação de pessimismo irónico e ingenuidade radical, pelo cepticismo absoluto e improvisação. Contudo, a meu ver, (e seguindo a lógica de que os opostos tocam-se) a mensagem das fotografias inerentes a esta corrente tinham uma mensagem tão implícita que, não raras vezes, se notava uma mensagem bastante explícita. E a linguagem que teimavam em insistir não haver encontrasse bem visível.
A principal estratégia do Dadaísmo escandalizar. Os dadaístas utilizavam muitas vezes a fotomontagem como arma para lançar o seu sarcasmo.
Outro movimento houve que surgiu na “cidade luz” no ano de 1920 e floresceu na Europa entre as duas grandes guerras. Este movimento cresceu sobretudo a seguir ao Dadaísmo, mas ao contrário deste, não era baseado na negação mas sim na expressão positiva. Radicalizando as suas propostas de liberdade, anti-convencionalismo e anti-tradição dos valores da cultura ocidental. A esta corrente artística denominamos de Surrealismo.
O Surrealismo é caracterizado sobretudo pelos temas que aborda, fornecidos pelo inconsciente e subconsciente: o acaso, a loucura, os sonhos, as alucinações, o delírio ou o humor. Está profundamente ligado a uma filosofia de pensamento e acção, em que a liberdade, principalmente a de pensamento, era extremamente valorizada.
De notar que o Surrealismo continua a crescer em todo o mundo. Apostando, principalmente, num processo de investigações do pensamento e da mente. Vê-mos nos nossos dias algumas da melhores e mais bonitas artes.
Poderia abordar outras correntes. Correntes essas que até estejam mais próximas dos nossos dias, e que tenham surgido em tempos mais recente. No entanto, vou tentar pegar nestes movimentos para explicar um pouco do presente.




3 - A fotografia na era digital

A fotografia digital nasceu nos anos 60 no meio da guerra fria, com as disputas ideológicas, informáticas, tecnológicas e espaciais entre EUA e URSS. Porém apenas em 1990 se iníciou o processo de democratização da fotografia digital.
Neste ano (1990), a Kodak lançou o DCS 100, a primeira câmara digital de cariz comercial. O preço de mercado da DCS impediu o seu uso no fotojornalismo e em nas várias aplicações profissionais. No entanto tinha-se dado o primeiro passo na era digital.
Em 10 anos, as câmaras digitais tornaram-se produtos de consumo, e quase que não há família que não tenha uma. Ou pelo menos um telemóvel com câmara fotográfica. Estão (as máquina fotográficas), provavelmente, a substituir gradualmente as máquinas tradicionais. Muito devido à questão preço/qualidade, o preço destas tem vindo a decrescer enquanto a qualidade das mesmas tem vindo a aumentar.
Contudo, a fotografia analógica vai perdurar, sobretudo, devido aos fotógrafos amadores que se dedicam à arte de fotografar usando a “velhinha” máquina. Mas também devido aos artistas qualificados que preservam o uso de materiais e técnicas tradicionais.
Na fotografia digital, a luz sensibiliza um sensor, chamado de CCD ou CMOS, que por sua vez converte a luz num código electrónico digital, uma matriz de números digitais, que será armazenado num cartão de memória (interno ou externo). Geralmente, o conteúdo da memória – as fotografias - será mais tarde transferido para um computador para preservação e/ou impressão. Actualmente já é possível transferir os dados directamente para uma impressora (através do sistema de bluetooth ou infra-vermelhos) e gerar uma imagem em papel, sem o uso do computador. Uma vez transferida para fora do cartão de memória, este poderá ser apagado e reutilizado. O que é uma clara vantagem em relação aos rolos fotográficos.
Os meus de comunicação foram os primeiros a aderir a esta era numa tentativa clara de baixar custos e de conseguir a edição dos trabalhos muito mais velozmente.
As novas tecnologias começando a tornar-se acessíveis ao grande público, iniciaram um processo de grandes mudanças na relação da sociedade com a fotografia.
Existem nos dias de hoje ferramentas para se capturar imagens digitalmente ou digitalizar imagens já existentes e facilmente manipulá-las em praticamente todas as suas propriedades. Contraste, nitidez, brilho e até a própria forma dos elementos que compõem a foto pode ser modificada com extrema facilidade. Cada vez mais os softwares de tratamento de imagem evoluem. Tornando os processos de edição e de montagem muito mais rápidos, compostos e apeteciveis.
Existem diversos sistemas de processamento de imagens disponíveis no mercado e na própria internet. Muitos deles gratuitos e outros gratuitos para testar. Estes softwares distinguem-se, principalmente, pela forma de distribuição (como já referido), pela área de aplicação e pelas plataformas em que estão disponíveis.
No entanto, o programa mais bem sucedido, não importando a categoria, é o Adobe Photoshop, actualmente na versão CS3. É o mais robusto e confiável sistema de processamento de imagens. Existem outros na mesma linha (Corel PhotoPaint, o Fractal Design Painter…), no entanto o PhotoShop é o mais utilizado e o mais procurado pelos profissionais que trabalham com fotografia e com a sua edição.
E é da manipulação da fotografia realizada por softwares, sobretudo pelo referido anteriormente, que vou falar de seguida.


3.1 - Photoshop e a fotografia

O Photoshop tornou-se uma peça indispensável na imprensa escrita, no comércio fotográfico ou até na vida quotidiana de um qualquer jovem que tenha o gosto pela fotografia digital.
A sua utilização pode ser magnífica e ajudar imenso na edição veloz das fotografias por parte dos profissionais. Mas é também uma poderosa arma de manipulação. E mal utilizada por ter consequências inimagináveis.
Este programa está ao alcance de qualquer um, e assim como pode ser usado em termos profissionais (de modo a facilitar a paginação, a tornar mais bonita uma foto), em termos pessoais (para fazer umas montagens da família numa ilha paradisíaca), pode muito bem para destruir vidas e relatar falsidades como verdades absolutas.
A facilidade com que se pode “brincar” com as fotos é uma das vantagens desta era do digital.


3.1.1 - A manipulação da fotografia e o humor

Apesar do perigo deste programa, ou melhor, das pessoas que o utilizam, é raro existirem problemas de adulteração! Geralmente, as modificações ficam-se pelo humor a situações engraçadas. Muitas delas vêm-nos parar aos nossos correios electrónicos. Alguns com o nome do seu autor, outros (a maioria) isentos dessa informação.
A modificação da imagem nestas situações tem apenas o objectivo de fazer rir (ou sorrir), de fazer uma crítica mordaz a algo ou alguém, ou apenas manipular uma imagem de modo a construir uma realidade engraçada.
Construir um rato a partir de um kiwi faz parte apenas de uma visão surrealista do seu autor. E o rato que é um animal que, normalmente, faz extrema confusão e suscita reacções de um certo nojo, está aqui caracterizado de modo simples e engraçado. A modificação da fotografia é óbvia e não provoca qualquer dúvida a quem a está a analisar.
Estes “trabalhos” humorísticos são geralmente concebidos por amadores e estes não têm objectivo de ganhar nenhum prémio monetário com o seu trabalho. No máximo, a divulgação do seu nome no universo da internet.
Fazem-nos nas horas vagas, como hobby, por pura distracção ou pelo prazer da modificação da fotografia!


3.1.2 - A manipulação da fotografia e o erotismo

Outra das funções da modificação da fotografia prende-se com a sua utilização no mundo do erotismo. O Photoshop, veio revolucionar de igual forma este universo, ludibriando em certo ponto o “consumidor”. Aqui não falamos de adulteração da realização, mas de “melhoramento da realidade”. No entanto, a meu ver é tudo uma questão de português.
A meu ver a distinção poderia ser feita da seguinte forma: existe adulteração da realidade quando a foto tem objectivo de prova ou informação; “melhoramento” quando a foto objectiva o entretenimento, que é o caso do erotismo. Estes ajustes normalmente são utilizados em revistas masculinas, e têm como finalidade dar uma visão mais prefeita da mulher, dar ao consumidor o que ele deseja. Existe uma construção do ideal.
Muitas, para não dizer todas, das fotos de modelos que vemos em revistas são melhoradas. Ora mais luz, ora menos rugas, ora tirar um pouco de celulite, ora aumentar os seios…
Esta modificação, nas revistas, como que é bem vista pelos compradores destas. Apesar de saberem que estão a ser ludibriados, não se importam. Preferem manter-se num mundo irreal/perfeito do que olhar de frente para a verdade.
A modificação da fotografia é usada assim como um ópio para estas pessoas! Portanto, cada vez mais se vê a sua utilização no nosso dia-a-dia. Vemos aqui a diferença entre a modificação da fotografia no início do século XX (que servia, na sua maioria, como um chamar de atenção da sociedade para os problemas) e a modificação no início do século XXI (que na sua maioria serve para afastar as pessoas da realidade).
A barreira entre o “melhoramento” e a adulteração é extremamente ténue, mas poucos são os que se preocupam.




3.1.3 - A manipulação da fotografia e a publicidade

Este “melhoramento” não é só usado nas revistas masculinas e femininas. É usado também, em grande quantidade, na publicidade e nas propagandas comerciais com o intuito de vender.
Mas é extremamente difícil, nos dias de hoje falar de publicidade sem falar no corpo humano. Sejam perfumes, roupas ou até cerveja todos os spots utilizam o corpo para fazer vender. E como já vimos anteriormente, as imagens neste campo sofrem (quase) sempre alterações.
Mas além de se modificar as formas de quem está a dar o corpo para fazer vender algo, modifica-se também o produto de modo a ser mais apelativo à compra. Apesar de nunca conseguirmos ter em casa aquele casaco, aquelas sapatilhas, que vimos na publicidade.
Também neste mundo parece existir uma aceitação da alteração da realidade.
Mas existe um lugar onde estas alterações estão cada vez mais a ser criticadas. Os fãs da sétima arte exercem criticas mordazes às alterações das formas físicas dos seus actores e actrizes favoritas.
O último caso a vir a público refere-se a um pequeno aumento dos seios da jovem actriz Emma Watson (Hermione em Harry Potter), num dos cartazes publicitários do filme.
De estranhar o facto de que é de um mundo onde se vive da e na ilusão que vem o primeiro grito de que se tem de separar a realidade da fantasia e a alteração da realidade não pode ser usada de forma leviana nem pode ser de modo nenhum banalizada.
Começo-me a perguntar onde se encontra neste tempo em que vivo a alteração da fotografia como forma de arte, sem ter o objectivo de vender algo! Ou pelo menos se existirá no mundo comercial um lugar onde a manipulação da fotografia não seja usada para vender um produto.
Nas revistas manipula-se a imagem para ser mais bonita de modo a vender a revista. Na publicidade de modo a vender o produto publicitado, no cinema altera-se de modo a vender o filme… falta-nos um campo, que propositadamente deixei para último: o jornalismo!
Podia ter abordado quando me referi às revistas, no entanto diferencio estes dois meios. Pois a informação é algo imparcial e que só pode mostrar a realidade, sempre condicionada por um ângulo de abordagem, mas não nos mente, nem nos tenta vender nada.


3.1.4 – A manipulação da fotografia e o jornalismo

Como já referi, o jornalismo não pode mentir. Confiamos nos órgãos de comunicação porque sabemos que nos informam sobre a realidade. Seja na televisão ou nos jornais, “uma imagem vale mais que mil palavras”.
O que aconteceria se também no jornalismo nós fossemos iludidos?! Já aconteceu algumas vezes, histórias contadas erradamente, histórias inventadas, fotos tiradas de contexto… divago aqui recordando-me do famoso “repórter X”. Mas vou mais longe. O que faríamos se uma grande agência como é a Reuters divulgasse uma fotografia manipulada por Photoshop e que mostrasse uma situação falsa, de modo a dar ideia de algo, que verdadeiramente não aconteceu?
Foi o que aconteceu! Várias foram as queixas apresentadas à Reuters depois de divulgada a foto para toda a imprensa que rapidamente se apercebeu da situação.
No quadro a vermelho da foto (a que foi enviada pela Reuters para toda a imprensa), podemos ver como a imagem dos edifícios em baixo é repetida mais atrás. Esta “pequena” modificação tinha como fim mostrar que os bombardeamentos realizados eram sobre as áreas residenciais, e eram feitos de uma maneira indiscriminada para atingir não as infra-estruturas do Hesbolah, mas as zonas habitacionais.
A Reuters admitiu, mais tarde, o erro e suspendeu o jornalista autor desta manipulação. No entanto, ficámos a saber que temos de ter cuidado ao visualizar a próxima fotografia, pois não sabemos quando estamos a ser enganados




Este é um exemplo claro de adulteração da foto/realidade. Houve uma tentativa clara de enganar o “consumidor” desta fotografia com o objectivo de vender o produto, neste caso uma informação falsa.
A manipulação da fotografia está ao virar da esquina e por mais que pensemos que sabemos donde ela vem seremos sempre surpreendidos por uma nova maneira de adulterar uma realidade “óbvia”.


3.2 - A sociedade e a fotografia

A sociedade actual afasta-se um pouco da fotografia. Estando a pseudo - fotografia tão banalizada a sociedade erradamente pensa que sabe muito sobre fotografia e a resposta obvia a uma pergunta sobre fotografia seria “estou farto(a) de fotografias”. Este excesso de fotografias deve-se a colocação em mercado de mil e uma formas de tirar fotografias, outras tantas de armazena-las, mais umas quantas de como as manipular e imprimi, acessíveis a qualquer um
Apesar de eu crer que não só a fotografia está a passar por esta fase de “exclusão”, mas sim toda a forma de arte e de cultura, vou neste ponto apenas abordar a fotografia. Quando falo de “exclusão” refiro-me à tentativa de afastamento da fotografia da vida social.
E esta exclusão de que falo, ao contrário do que se possa pensar, vê-se também em programas de cultura. Num dos episódios de “Câmara Clara” (programa que era transmitido pela 2:) discutiu-se a internacionalização da arte portuguesa.
Para o debate foi convidada o pianista Artur Pizarro e a escritora Inês Pedrosa. A peça que introduziu o tema do programa abordou o cinema, a música, a literatura, o teatro, a pintura, a instalação, o vídeo… Contudo, não se falou na fotografia.
Não acredito que os portugueses não vejam a fotografia como arte, até porque no estrangeiro se começa a notar o mesmo cenário de “exclusão”. Acredito, ou pelo menos quero acreditar, que tudo se deve a esta enorme facilidade com que as pessoas actualmente usam e descartam as coisas. E talvez pelo facto de actualmente só se ver em exposição a vanguarda mais audaz e se esteja a fazer pouco para criar um público atento e conhecedor de fotografia.
Todos os dias saem novos “artistas” das escolas de artes. E o sangue novo procura sempre afirmar-se, e essa afirmação é conseguida apenas pela surpresa, pela inovação. Portanto, surgem novas abordagens à fotografia a um ritmo alucinante e com elas naturalmente surgem resistências.
Num mercado em constante mutação e que cria modas a uma velocidade vertiginosa é necessário ter em atenção ao que é realmente bom.


4 – Conclusão

O Homem desde o início da sua existência que sempre tentou manter e fixar movimentos. Começaram com pinturas rupestres, passaram pela pintura em tela e escultura, e, por fim, chegámos à fotografia.
Este é um meio de comunicação de massa, sendo muito popular nos nossos dias, como podemos ver. A fotografia tem uma linguagem própria que tem vindo a ser controlada pelo homem ao longo dos tempos. O objectivo dessa adulteração também têm vindo a cambiar, ajustando-se sempre ao espaço-temporal em que os seus autores estão inseridos.
Se no início do século XX avistava-se a manipulação da fotografia como um grito contra os vícios sociais, contra a guerra, contra certas ideologias, actualmente é o inverso. A manipulação da fotografia serve para manipular a população. Manipulá-la de forma a vender, de forma a ganhar dinheiro com isso.
Vimos que as actuais fotomontagens têm quase todas o objectivo de levar a mente do observador um pouco mais além. Construir um mundo imaginário, surrealista, é a meta desses trabalhos. No entanto poucos se dão conta da verdadeira arte fotográfica, que vai passando despercebida. De acordo com Barthes “muitos não consideram a fotografia arte, por ser facilmente produzida e reproduzida, mas a sua verdadeira alma está em interpretar a realidade, não apenas copiá-la”. A fotografia é, sem dúvida, uma das mais importantes criações humanas. A partir de sua invenção a forma de se ver o mundo mudou significativamente.
Fazer fotografia não é apenas apertar o disparador. Daí afirmar que a sociedade apenas banaliza a “pseudo - fotografia”. Pois uma boa fotografia tem de ser tirada com sensibilidade, registando um momento único, singular.
Num mundo dominado pela comunicação visual, a fotografia, para muitos, só vem por acréscimo. “Pode ser ou não arte”! E isto é verdade, tudo depende do contexto, do momento, dos ícones envolvidos na imagem. Cabe ao observador interpretar a imagem, acrescentar-lhe seu saber e o seu sentimento.
Na realidade, assistimos hoje a algo que parece pensar a fotografia mais como um dispositivo que facilita a documentação, do que como uma linguagem a explorar em termos das suas propriedades intrínsecas.
Mas o problema não está no observador da foto! Começa pela dificuldade em definir fotógrafo. Será necessário ser fotógrafo para fazer fotografia? Esta é uma pergunta difícil de responder. Se entendermos fotógrafo como aquele que tira fotografias, qualquer pessoa pode ser fotógrafa. Se limitarmos fotógrafos às pessoas que têm o objectivo de passar uma ideia, ficam de lado todos que tiram fotos pelo simples facto de as tirarem, e aqueles que tiram fotos de família… No entanto, creio que é o olhar do fotógrafo que transforma uma fotografia numa obra de arte e não a sua utilização;
A grande parte dos trabalhos apresentados na exposição de Serralves deixa no ar uma mesma questão, de difícil resposta, e com a qual eu finalizo o meu trabalho: “Onde mora a fotografia hoje?”.



Em anexo envio mais alguns exemplos de manipulação de fotografia!!!

5 - Bibliografia:


http://pt.wikipedia.org/wiki/Dada%C3%ADsmo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fotografia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fotografia_digital
http://pt.wikipedia.org/wiki/Surrealismo
http://www.1000imagens.com/
http://olhares.aeiou.pt/
http://www.desenhografico.wordpress.com/2007/04/18/fotografia-digital/
http://www.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/D/dadaismo.htm
http://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/
http://www.oelogiodasombra.com/?p=390
http://www.tipografos.net/designers/lissitzky.html
http://www.universia.pt/servicos_net/informacao/noticia.jsp?noticia=35433

Liberdade de quê?!?!?!



Este blog merece ser lido antes que as nossas autoridades obriguem o bloguer responsável pela sua manutenção a retirá-lo da internet. Grande vergonha para o país. O nosso sistema está cada vez mais parecido com, o tão criticável, sistema americano!

13 de junho de 2007

Fotos analógicas II

Bem, já me tinha lembrado de acrescantar algumas das fotos analógicas do trabalho de fotografi, mas tenho estado muito cansado. Mas agora com o pedido da Vanessa ganhei um novo ânimo! Aqui ficam mais umas quantas fotos:
































  • da esquerda para a direita, de cima para baixo:
    1ª e 2ª Mário Matos; 3ª Sofia simões; 4ª Sofia Simões; 5ª Sofia Simões; 6ª J. Lip's; 7ª J. Lip's; 8ª Vanessa Bernardo; 9ª Vanessa Vernardo; 10ª Sofia Simões; 11ª Nuno Barata; 12ªVanessa Bernardo; 13ª David Bâroa; 14ª David Bâroa; 15ª J. Lip's

    • Há fotos que não me recordo o autor! gostaria que me informassem para eu colocar a informação. Se por acaso me equivoquei em alguma foto digam aí...